Seis pontos para seis jogos. Eis o que o Benfica terá de gerir até final da época se quer confirmar a tarja gigante que cobriu a bancada inferior de um dos topos do Estádio da Luz antes do início da partida de ontem e onde podia ler-se apenas "Benfica campeão". A vitória na partida frente ao Braga, segundo classificado, permitiu à equipa de Jorge Jesus tornar mais confortável a vantagem com que segue na frente da Liga mas não chegará para acabar desde já com todas as discussões. Não só porque até final da época a equipa lisboeta tem um calendário aparentemente mais complicado, ainda com FC Porto e Sporting pelo caminho, mas sobretudo porque, talvez por ter que gerir o entusiasmo entre a Liga Sagres e a Liga Europa, não mostrou ontem a sua versão avassaladora. O Benfica de ontem privilegiou a segurança, sobretudo depois de conseguir o seu golo numa bola parada, tal como em 2005 por intermédio de Luisão, e deixou o Braga ter a bola na última meia-hora.
O desafio de ontem teve vários ingredientes de um jogo do título, a começar pelo facto de ambas as equipas terem mostrado uma grande preocupação em não o perder. O Benfica apostava no seu esquema normal mas soltava menos gente para as ofensivas do que já se lhe viu, ao passo que o Braga transformava o seu habitual 4x2x3x1 num 4x4x2 com duas linhas (a de defesa e a de meio-campo) muito próximas, claramente a tentar evitar que os recuos de Saviola e os avanços de Martins, Di María e Ramires se tornassem mais perigosos. Com tanta preocupação na redução de espaços, foi normal que o jogo tenha começado morno: primeiro remate aos 10', fraco e de fora da área, por Maxi Pereira; segundo aos 26', num livre de Hugo Viana que passou inofensivo por cima da barra da baliza de Quim.
Havia mais Benfica do que Braga, ainda assim. Não só porque as acelerações de Di María causavam grandes dificuldades a Filipe Oliveira ou Evaldo, consoante o flanco em que o argentino caísse, mas também porque os alas bracarenses pegavam na bola muito longe do objectivo (a preocupação em fechar os corredores a tal obrigava) e isso, somado à lentidão de Hugo Viana na definição das transições atacantes, levava a que o Braga acabasse sufocado por uma boa pressão benfiquista. Renteria, a jogar como ponta-de-lança mais fixo (Mossoró trocava por vezes de posição com Paulo César) estava assim fora do jogo e era presa fácil de um quarteto defensivo encarnado em bom nível.
O jogo estava a transformar-se num jogo de erros. E aqui o Braga, embora cometesse poucos, fazia mais. O erro de Filipe Oliveira, a isolar Saviola com um passe atrasado, aos 24', foi compensado por uma boa saída de Eduardo, a desarmar o argentino antes do remate. Já a desatenção de Mossoró, quando se esgotava o minuto de descontos que Pedro Proença dera na primeira parte (ver "Momento") não teve emenda possível e acabou em golo de Luisão.
A ganhar, o Benfica pareceu vir para a segunda parte com a intenção de alargar a vantagem, mas uma vez que o não conseguiu em três bons lances quase consecutivos, todos pela direita, entre os 54 e os 56 minutos, fechou a loja ali: o último remate da equipa da casa foi aos 54', da autoria de Carlos Martins. Sucederam várias coisas. Primeiro, o Braga melhorou muito com as substituições. Não necessariamente com a perda de Mossoró, lesionado, mas sobretudo com as saídas do adormecido Viana e do ausente Renteria. Domingos voltou ao 4x2x3x1, com Luis Aguiar ao lado de Madrid e Paulo César, Rafael Bastos e Alan (este na esquerda) no apoio ao veloz Matheus. Depois, porque o próprio Benfica perdeu gás com a troca de um Martins muito dinâmico (e a pedir selecção) por um Aimar inseguro no passe e menos rigoroso posicionalmente.
Daí que, até final, o Braga tenha tido mais bola. Cardozo ainda chegou duas vezes a boas posições na área, mas em nenhuma delas dominou a bola em condições de finalizar. E os minhotos, a precisarem de um golo, bem podiam tê-lo feito aos 69', num livre de Luis Aguiar que Moisés, solto e em boa posição, cabeceou ao lado da baliza de Quim. Feitas as contas finais, a diferença foi também entre a capacidade de finalização dos dois capitães: no Benfica, Luisão foi Pernalonga depois de já ter sido Girafa em 2005; no Braga, Moisés falhou o alvo e caber-lhe-á agora liderar o grupo num objectivo mais difícil.
Benfica 1-0 Braga
Estádio da Luz
relvado bom
63 979 espectadores
Árbitro Pedro Proença (AF Lisboa)
Assistentes Tiago Trigo e Ricardo Santos
4º árbitro Carlos Xistra
Treinador Jorge Jesus
12 Quim GR 6
14 Maxi Pereira LD 6
4 Luisão DC 7
23 David Luiz DC 7
18 Fábio Coentrão LE 7
6 Javi García MD 7
8 Ramires AD a 76' 6
17 Carlos Martins MO a 66' 7
20 Di María AE 6
30 Saviola AV a 87' 5
7 Cardozo AV 5
13 Júlio César GR
27 Sidnei DC
25 César Peixoto LE
5 Rúben Amorim MD d 76' 5
10 Aimar MO d 66' 4
21 Nuno Gomes AV
31 Kardec AV d 87' 3
Golo
[1-0] 45'+2' Luisão
amarelos 14' Javi García, 82' Maxi Pereira e 89' Rúben Amorim
vermelhos Nada a assinalar
Domingos Paciência Treinador
1 Eduardo GR 6
27 Filipe Oliveira LD 4
5 Moisés DC 7
2 Rodríguez DC 6
6 Evaldo LE 5
23 Madrid MD 6
45 Hugo Viana MD a 58' 5
8 Mossoró MO a 51' 6
30 Alan AD 7
9 Paulo César AE 5
18 Renteria AV a 58' 4
31 Kieszek GR
15 Miguel García LD
3 Paulão DC
10 Luis Aguiar MO d 51' 6
22 Rafael Bastos MO d 58' 4
99 Matheus AE d 58' 5
19 Meyong AV
amarelos 9' Evaldo, 53' Paulo César
vermelhos Nada a assinalar
Fonte: OJOGO, 28 de Março
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