Está quase. O Benfica venceu ontem o Olhanense e ficou à beira da conquista de mais um título nacional, festa que pode ser feita já hoje, caso o Braga não vença a Naval na visita à Figueira da Foz. Mesmo que os minhotos sejam bem sucedidos, neste e nos dois encontros que terão ainda de disputar, bastará ao emblema da águia a conquista de um único ponto, em duas tentativas, para alcançar o maior objectivo da temporada. E que maior satisfação poderia haver do que fazê-lo no terreno do FC Porto, já na próxima jornada?
Ontem, apesar da ansiedade potencial inerente à necessidade de vencer, tudo ficou decidido muito cedo, e com demasiada facilidade, por culpa do talento que inunda a formação encarnada, e da felicidade que as grandes equipas sempre procuram, habitualmente apelidada de estrela de campeão. Ainda o sentido do jogo não estava sequer definido e já os anfitriões se encontravam a vencer, com um golo de Cardozo, apontado na transformação de uma grande penalidade criada pelo génio de Aimar e pela abnegação de Weldon. Como se tal não bastasse, a inconsciência de Delson - admoestado com um amarelo no lance do penálti, aos 2', viu o segundo, e correspondente vermelho, depois de uma entrada incompreensível sobre Di María - pôs termo a qualquer laivo de resistência algarvia. Não foi possível, sequer, perceber ou avaliar a estratégia de Jorge Costa para este embate, tal foi o desnorte do seu médio e o impacto dos golpes iniciais do adversário, que transformaram o Olhanense num mero espectador da caminhada encarnada para a vitória: logo aos 18', em novo lance de contra-ataque - não fossem as transições rápidas uma das principais armas deste conjunto -, Aimar tornou a brilhar com um lançamento ao alcance de poucos, ao qual Di María respondeu com idêntica dose de talento: ultrapassou um adversário e bateu, sem apelo nem agravo, Bruno Veríssimo.
Jorge Jesus, que tinha feito alinhar um onze próximo das suas principais opções, excepção feita à condição de suplente de Saviola - de regresso, cinco jogos depois - e de Maxi Pereira -, via com agrado o dissipar de quaisquer dúvidas relativas ao desfecho deste embate e só podia torcer o nariz à quantidade de oportunidades desperdiçadas pelos seus pupilos.
O reatamento não trouxe nada de novo, bem pelo contrário. Entre os visitantes, com a dificuldade acrescida da inferioridade numérica, reinava a impotência, enquanto a superior capacidade dos encarnados ia fazendo a diferença... e os golos. Em poucos minutos, as duas brilhantes assistências de Di María resultaram em outros tantos golos de Cardozo, dobrando a vantagem do intervalo e carimbando mais uma goleada, a imagem de marca do provável campeão. Na bancada, com meia-hora para se jogar, ecoava o grito que todos os benfiquistas tinham, há cinco anos, entalado nas suas gargantas: "Campeões! Campeões!"
Um estádio repleto de gente, rebentando pelas costuras com a euforia de mais de 60 mil pessoas, foi o pulsar do coração de toda uma nação encarnada, que pressentiu a iminência dos grandes momentos, às portas de uma glória adiada nas últimas cinco temporadas. Desta feita, sem sombra de dúvidas, sem pingo de contestação, e com a confiança de quem exibiu nos relvados portugueses o melhor futebol da Liga. Com Saviola, Javi García ou Ramires, este Benfica ganhou outra dimensão, mas foi com a sabedoria e personalidade de Jorge Jesus que se transformou numa equipa campeã. Aos reforços sonantes do defeso, o técnico adicionou os reinventados Di María, Fábio Coentrão ou Carlos Martins, construindo um conjunto capaz de funcionar como um todo, como uma verdadeira máquina de jogar futebol.
Se Trapattoni pôs fim ao jejum, em 2004/05, Jesus devolveu ao universo benfiquista o orgulho de outros tempos, recolocou o emblema da águia no patamar dominador que caracterizou grande parte da sua história. Hoje, como no passado, o Benfica não se contenta em vencer, faz questão vincar a sua superioridade sobre os adversários, e o Estádio da Luz voltou e exercer sobre os visitantes um grau de temor reverencial há muito afastado daquele recinto. Os adeptos pediram, com uma faixa colocada nas bancadas: "Carrega Benfica". E o Benfica "carregou", esmagando novo oponente, em momento de pressão extrema, e prepara agora a festa, hesitando entre a pressa de celebrar hoje, caso o Braga tropece, e o prazer de festejar o título no relvado do anterior campeão, e grande.
Benfica 5-0 Olhanense
Estádio da Luz
relvado Bom
62 147 espectadores
Árbitro Lucílio Baptista (AF Setúbal)
Assistentes Venâncio Tomé e Mário Dionísio
4º árbitro Bruno Paixão
Treinador Jorge Jesus
12 Quim GR 6
5 Rúben Amorim LD a 60' 7
4 Luisão DC 6
23 David Luiz DC 6
18 Fábio Coentrão LE 7
6 Javi García MD 6
8 Ramires AD 7
10 Aimar MO a 82' 7
20 Di María AE 8
7 Cardozo AV 8
19 Weldon AV a 60' 7
-
1 Moreira GR
14 Maxi Pereira LD d 60' 5
27 Sidnei DC
17 Carlos Martins MO
21 Nuno Gomes AV d 82' -
30 Saviola AV d 60' 5
31 Kardec AV
Golos
[1-0] 3' Cardozo, g.p.; [2-0] 18' Di María; [3-0] 54' Cardozo; [4-0] 56' Cardozo; [5-0] 79' Aimar
amarelos 20' Luisão, 54' Cardozo, 61' Aimar, 86' Maxi Pereira
vermelhos Nada a assinalar
Jorge Costa Treinador
1 Bruno Veríssimo GR 6
26 Lionn LD 4
49 Miguel Ângelo DC 4
2 Anselmo DC 4
13 Carlos Fernandes LE 5
27 Delson MD 0
7 Rui Baião MD
10 Castro MO 6
17 Ukra AD a 81' 5
19 Greg AE a 65' 3
11 Djalmir AV a 65' 3
-
12 Ricardo Ferreira GR
3 Sandro DC
5 Pietravallo MD
23 Paulo Sérgio XZ
9 Toy AV d 65' 3
14 Yazalde AV d 65' 4
29 Rabiola AV d 81' -
amarelos 2' e 9' Delson, 21' Rui Baião
vermelhos 9' Delson
Fonte: OJOGO, 25 de Abril
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