No mesmo dia em que soube que está matemática e definitivamente afastado do título e em que, ironicamente, recebeu das mãos de Gilberto Madail o troféu correspondente ao campeonato conquistado na última temporada, o FC Porto venceu o Guimarães e manteve-se na corrida pela participação na Liga dos Campeões, que ainda discute com o Braga. Pelo caminho, conseguiu manter Falcao bem vivo e aos pontapés na luta com Cardozo pelo título de melhor marcador da Liga. O paraguaio não marcou na vitória encarnada em Coimbra e o colombiano aproveitou para igualar as contas na tabela dos melhores artilheiros, onde partilham o primeiro lugar, ombro a ombro, com 21 golos. E o de Falcao, ontem, foi arrancado a ferros, com uma ajudinha dos companheiros.
Antes disso, antes mesmo de o jogo ter começado, algumas notícias. A primeira chegou com a constituição oficial das equipas: Raul Meireles de fora. O médio está em processo de gestão há algum tempo e, ontem, Jesualdo Ferreira resolveu mesmo deixá-lo no banco. Uma ausência que se somava à do castigado Rúben Micael para forçar uma reformulação muito mais profunda da equipa do que se antecipava, a começar pelo meio-campo, onde, à frente de Fernando, surgiam Belluschi e Guarín. No ataque, onde ultimamente tem evoluído Rúben, surgiu Valeri ao lado de Falcao e Hulk. Mudanças mais do que suficientes para justificar um FC Porto diferente do habitual nos últimos tempos, menos assertivo e mais desarticulado. Ora, como se isso não bastasse, Helton lesionou-se durante o aquecimento e a baliza foi parar às luvas de Beto. Uma mudança sem reflexos no desenho da equipa, mas uma mudança mesmo assim, a justificar algum nervosismo inicial dos ainda tetracampeões nacionais.
O Guimarães, em contrapartida, foi o que se esperava. Paulo Sérgio optou por jogar com dois médios-defensivos - Moreno e Renan - atrás do trio constituído por Rui Miguel, Nuno Assis e Desmarets, todos no apoio a Douglas. O objectivo era ganhar a luta do meio-campo, asfixiando o ataque do FC Porto, mas nos seus melhores momentos, os vimaranenses limitaram-se a equilibrar a luta sem nunca chegarem a estar em vantagem. Tanto assim que a única oportunidade de golo dos vimaranenses chegou em cima do apito para o intervalo, num cruzamento de Alex que Desmarets desviou ao segundo poste para a defesa de Beto. Antes disso, já o FC Porto tinha marcado.
A vantagem dos portistas chegou de forma acidental - um remate de Valeri faz ricochete em Falcao e sobra para a estocada de Hulk - mas também foi o resultado do domínio exercido pelos portistas durante todo o primeiro tempo, ainda que muitas vezes de forma inconsequente.
O intervalo não trouxe mudanças, nem no elenco, nem no enredo do jogo. O FC Porto dominava de forma inconsequente, o Guimarães resistia como podia, e nenhum dos dois parecia capaz de fazer a diferença junto à baliza adversária. O que explica que o jogo se tivesse decidido à distância, por Guarín, nada menos. Aos 56', o colombiano recebeu a bola em zona frontal, mais ou menos no mesmo lugar de onde tinha marcado ao Rio Ave, e resolveu insistir. O remate saiu violento, mas foi o ligeiro desvio no corpo de Leandro que o tornou letal, traindo Nilson e encerrando a discussão sobre o resultado.
A ganhar por dois, com o jogo resolvido e a luta pela Liga dos Campeões ainda em aberto, o FC Porto foi atrás do objectivo secundário: ajudar Falcao na discussão com Cardozo. Ora, como diz o povo, Deus ajuda quem se ajuda a si próprio e ninguém fez mais pelo terceiro golo do FC Porto que Falcao, ele próprio. Correu quilómetros, recuperou bolas a meio-campo, lançou os companheiros pelas alas e tentou tudo para marcar. De pontapé de bicicleta - que, desta vez, ficou a centímetros da baliza de Nilson - com o pé direito e com o esquerdo e com a cabeça. Aliás, estava a tentar responder de cabeça a um cruzamento de Raul Meireles quando foi carregado por Gustavo. Grande penalidade que, desta feita, o colombiano marcou. A luta continua para a semana.
FC Porto 3-0 Guimarães
Estádio do Dragão
relvado excelente
28 612 espectadores
Árbitro Duarte Gomes (AF Lisboa)
Assistentes Tiago Trigo e José Lima
4º árbitro Jorge Tavares
-
FC Porto
Treinador Jesualdo Ferreira
24 Beto GR 7
13 Fucile LD a 84' 4
14 Rolando DC 6
2 Bruno Alves DC 5
15 Álvaro Pereira LE 7
25 Fernando MD 6
6 Guarín MO a 84' 6
7 Belluschi MO 6
8 Valeri MO a 64' 5
12 Hulk AV 6
9 Falcao AV 7
-
1 Helton GR
22 Miguel Lopes LD d 84' -
16 Maicon DC
23 Addy LE
3 Raul Meireles MO d 64' 5
29 Orlando Sá AV
19 Farías AV d 84' -
-
Golos [1-0] 28' Hulk; [2-0] 56' Guarín; [3-0] 80' Falcao, g. p.
amarelos 59' Bruno Alves, 88' Álvaro Pereira; 89' Raul Meireles
vermelhos Nada a assinalar.
Guimarães
Treinador Paulo Sérgio
1 Nilson GR 4
79 Alex LD 3
22 Gustavo DC 4
34 Leandro DC 4
98 Bruno Teles LE 5
18 Moreno MD a 83' 5
11 Renan MD 6
17 Rui Miguel AD 6
10 Nuno Assis MO a 83' 4
20 Desmarets AE a 70' 5
99 Douglas AV 4
-
52 Serginho GR
15 Paulo Oliveira DC
25 Milhazes LE
27 Custódio MD d 83' 2
7 Carlitos AD
13 Jorge Gonçalves AD d 70' 4
81 Fábio Felício AE d 83' 2
Fonte: OJOGO, 19 de Abril
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