Para além de fazer o que lhe competia, que era vencer o Setúbal e pressionar o Braga na luta pelo segundo lugar e consequente acesso à Champions, o FC Porto foi ainda mais longe. Venceu de forma incontestável a equipa sadina por números gordos. Tão gordos que igualaram o resultado mais volumoso da época, precisamente conseguido perante o Braga, no campeonato, mas também perante o Sporting, na Taça de Portugal. A curiosidade é que, desta vez, foi obtido fora de casa. Foi a sexta vitória consecutiva no campeonato e a oitava contando com todas as provas. Mas também houve aspectos negativos para a equipa de Jesualdo Ferreira, como uma defesa mais permeável do que o costume, ao consentir dois golos, e, mais importante, por ter ficado sem Falcao para o clássico com o Benfica, devido a acumulação de amarelos. E sem culpa aparente do goleador. No próximo fim-de-semana, Cardozo, que marcou três, pode ficar a lutar sozinho na guerra dos melhores marcadores do campeonato, depois de ontem o colombiano ter marcado mais dois golos (são 23, senhores!). O Setúbal deu a imagem perfeita do que tem sido neste campeonato: erros, demasiados erros defensivos, e um ataque que contraria o sector recuado. Mas dois golos não chegaram para nada.
O Setúbal começou melhor, mas quebrou logo que o FC Porto tomou conta das operações a meio-campo. Raul Meireles regressou ao miolo para uma excelente exibição e ao seu lado teve um Guarín de combate. Belluschi descaiu sobre a direita do ataque e Hulk ficou do outro lado. O meio-campo pressionou o adversário e o minuto 13 foi de azar para o Setúbal e de sorte para o FC Porto. Meireles marcou o canto, Falcao apareceu solto na área e empurrou com o pé direito para o fundo das redes. Estava feito o mais difícil e a equipa de Jesualdo empurrou o Setúbal para a sua área, só de lá saindo nos minutos finais da primeira parte. Kazmierczak, na cobrança de um livre, ainda meteu a bola na baliza de Beto, mas o árbitro anulou o lance por desentendimentos na barreira. A reacção do Setúbal foi travada por mais um canto, mesmo em cima do intervalo: Maicon saltou mais alto do que Kaz e fez o segundo golo.
Manuel Fernandes arriscou, e muito, ao intervalo. Tirou o defesa-esquerdo Rúben Lima e meteu Bruno Ribeiro, para jogar mais à frente. Ficou praticamente com três centrais e isso revelou-se fatal com o andamento do relógio. Mas antes vieram os frutos. Como? Um canto, pois claro. Neca marcou-o e Henrique bateu Beto, aos 51' (lance parecido com o primeiro golo do FC Porto). Três cantos, três golos!
O Setúbal acreditou no empate, os adeptos também, mas o FC Porto não alinhou na teoria. Afinal de contas, era apenas uma questão de acelerar o jogo e aproveitar os espaços concedidos pela equipa sadina, perigosamente balanceada no ataque. Raul Meireles e Hulk, inteligente a desmarcar Guarín, fabricaram o quinto golo do colombiano, o primeiro que não nasceu de um canto. Agora sim, os números batiam certo com as acções. O FC Porto era claramente superior no meio-campo e no ataque e o Setúbal fatalmente constrangedor na defesa.
Com tanto espaço, era o momento de o FC Porto jogar para Falcao. O colombiano queria mais golos, mas foi Belluschi quem, aos 70', descobriu o caminho da baliza depois de uma assistência de calcanhar de Guarín. Sim, calcanhar e Guarín! Um dos momentos do jogo aconteceu logo depois. Falcao sofreu uma falta de Bruno Ribeiro e depois tocou-lhe na cara. Pedro Henriques entendeu que fora propositado e mostrou-lhe o quinto amarelo, que o tira do clássico com o Benfica. Confusão instalada, claro, que retirou brilho ao golo de Henrique no minuto 90. Apesar de todo o descontentamento, Falcao ainda teve discernimento para fazer um chapéu a Nuno Santos e fixar o resultado. E a assistência foi de Guarín. Palavras para quê?
Setúbal 2-5 FC Porto
Estádio do Bonfim
relvado razoável
5327 espectadores
Árbitro Pedro Henriques (AF Lisboa)
Assistentes Gabínio Evaristo e Tiago Rocha
4º árbitro Luís Reforço
Treinador Manuel Fernandes
17 Nuno Santos GR 3
2 Collin LD 4
22 André Pinto DC 4
33 Ricardo Silva DC 3
3 Rúben Lima LE a INT. 2
6 Sandro MD a 75' 3
68 Ney MO 5
3 Kazmierczak MO a 64' 4
79 Neca MO 5
10 Hélder Barbosa AV 4
91 Henrique AV 6
-
1 Ricardo Matos GR
26 Zarabi DC
4 Zoro DC d 75' 2
11 Bruno Ribeiro LE d INT. 3
8 Paulo Regula MO
23 Luís Carlos AD
28 Rui Fonte AV d 64' 3
Golos
[1-2] 51' Henrique [2-4] 90'+1' Henrique
amarelos Nada a assinalar.
vermelhos Nada a assinalar
Jesualdo Ferreira Treinador
24 Beto GR 5
13 Fucile LD a 76' 5
14 Rolando DC 5
16 Maicon DC 6
15 Álvaro Pereira LE 4
25 Fernando MD 5
6 Guarín MO 7
3 Raul Meireles MO a 75' 6
12 Hulk AD 6
9 Falcao AV 7
7 Belluschi AEa90'+2' 6
-
33 Nuno GR
22 Miguel Lopes LD d 76' 4
18 Nuno André Coelho DC
20 Tomás Costa MD d 75' 4
8 Valeri MO d90'+2' -
19 Farías AV
20 Orlando Sá AV
Golos [0-1] 14' Falcao; [0-2] 41' Maicon; [1-3] 57' Guarín; [1-4] 71' Guarín; [2-5] 90'+5' Falcao
amarelos 61' Álvaro Pereira, 79' Falcao
vermelhos Nada a assinalar.
Fonte: OJOGO, 25 de Abril
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